Minha Crítica ao Filme: Distant (2024) – Uma Jornada Espacial que Promete, mas Não Decola
Distant (2024), dirigido pela dupla Josh Gordon e Will Speck, é uma ambiciosa tentativa de mesclar ficção científica, comédia e drama em uma narrativa centrada em sobrevivência e conexão humana. Estrelado por Anthony Ramos e Naomi Scott, o filme segue a história de Andy Ramirez, um minerador de asteroides que, após um acidente catastrófico, acaba preso em um planeta alienígena hostil. Com oxigênio escasso, caçado por criaturas estranhas e guiado apenas por uma IA defeituosa e pela voz de Naomi Callaway, uma sobrevivente presa em sua cápsula de fuga, Andy enfrenta uma jornada árdua para resgatá-la. Apesar de suas intenções e momentos de brilho, Distant tropeça em sua execução, resultando em uma experiência que é visualmente impressionante, mas narrativamente inconsistente.
Enredo e Temática
A premissa de Distant é intrigante: um homem comum, um engenheiro de mineração espacial, é lançado em um cenário de sobrevivência extrema em um ambiente alienígena. A narrativa explora temas de isolamento, resiliência e a busca por conexão em meio ao desespero. A relação entre Andy e Naomi, construída exclusivamente por meio de comunicações por rádio, evoca paralelos com obras como Gravidade (2013) e Perdido em Marte (2015), onde o isolamento no espaço amplifica o peso emocional das interações humanas. No entanto, o filme tenta equilibrar tons díspares – ação, comédia e drama – e essa ambição acaba sendo sua maior fraqueza.
O roteiro de Spenser Cohen tinha potencial para ser uma história de ficção científica tensa e emocional, mas frequentemente se perde em diálogos expositivos e tentativas de humor que não encontram eco. A comédia, em particular, parece forçada, com piadas que interrompem a tensão dramática em momentos inoportunos. Por exemplo, a IA do traje de Andy, que deveria ser uma fonte de alívio cômico e apoio técnico, muitas vezes soa irritante, com falas que beiram o caricatural. Isso compromete a imersão em um ambiente que deveria transmitir perigo constante.
Atuações
Anthony Ramos entrega uma performance sólida como Andy Ramirez, trazendo carisma e vulnerabilidade ao papel. Ele consegue transmitir o pânico e a determinação de um homem enfrentando circunstâncias impossíveis, especialmente nas cenas em que interage com o ambiente alienígena. Sua química com Naomi Scott, mesmo sendo limitada a interações por voz, é um dos pontos altos do filme. Scott, por sua vez, faz o melhor com um papel restrito, injetando emoção e profundidade em Naomi Callaway, embora o roteiro não explore completamente o passado ou as motivações de sua personagem.
Kristofer Hivju e Zachary Quinto, em papéis secundários, têm presença limitada, mas cumprem suas funções. Hivju, como Dwayne, um colega de Andy, traz um toque de excentricidade que, infelizmente, é subutilizado devido ao desenvolvimento raso do personagem. A crítica recorrente de fãs em fóruns como o Reddit, que apontam Andy como "o menos qualificado para ir ao espaço" devido a decisões impulsivas, reflete uma falha no roteiro em justificar suas ações, o que prejudica a credibilidade de Ramos em certos momentos.
Aspectos Técnicos
Visualmente, Distant é um dos pontos fortes do filme. A cinematografia captura a vastidão desoladora do planeta alienígena, com paisagens áridas e uma paleta de cores que reforça a sensação de isolamento. O design de produção, especialmente o trabalho de Neville Page no design das criaturas, é notável. As criaturas alienígenas, com sua biologia peculiar adaptada a uma atmosfera rica em CO2, são visualmente impressionantes e adicionam um elemento de ameaça crível. O design de som, liderado por Erik Aadahl, é igualmente envolvente, criando uma atmosfera imersiva que intensifica a tensão nas cenas de perseguição.
No entanto, há inconsistências técnicas que minam a suspensão de descrença. Críticas apontam, por exemplo, a implausibilidade de chamas amarelas em um ambiente com apenas 2% de oxigênio, o que contraria a lógica científica que o filme tenta estabelecer. Além disso, a nave acidentada, que sobrevive a um impacto devastador em condições quase intactas, desafia a credibilidade, mesmo dentro do gênero de ficção científica.
Ritmo e Estrutura
O filme, com apenas 1 hora e 27 minutos, é relativamente curto, mas sofre com um ritmo irregular. O início é promissor, estabelecendo rapidamente a premissa e o senso de urgência. O final, com sua resolução emocional, também tem seus méritos. No entanto, a seção intermediária é arrastada, com longas sequências de Andy atravessando o terreno alienígena que se tornam repetitivas. A falta de desenvolvimento mais profundo dos personagens secundários e a dependência excessiva em clichês de ficção científica – como a IA excêntrica e o romance previsível entre os protagonistas – tornam a narrativa menos impactante.
Contexto de Produção e Recepção
Distant enfrentou um caminho tortuoso até seu lançamento. Filmado em 2020 durante a pandemia de COVID-19 em Budapeste, Hungria, o filme sofreu múltiplos adiamentos, com datas de estreia nos EUA marcadas e canceladas repetidamente entre 2022 e 2024. Sua única exibição pública ocorreu no Vietnã, em 12 de julho de 2024, e até janeiro de 2025, não há data confirmada para lançamento nos EUA ou disponibilidade em plataformas de streaming, DVD ou Blu-Ray. Essa falta de distribuição ampla contribuiu para a percepção de que o filme foi "engavetado", possivelmente devido a dúvidas sobre sua viabilidade comercial.
A recepção do público e da crítica tem sido mista. No IMDb, o filme recebeu uma nota média de 5.7/10, com elogios aos efeitos visuais e à química entre Ramos e Scott, mas críticas severas ao roteiro e à narrativa. Comentários em redes sociais, como no Reddit, variam de descrições como "bem divertido" a "absoluta perda de tempo", destacando a polarização em torno do filme. A tentativa de misturar comédia com ficção científica séria foi um ponto de discórdia, com muitos sentindo que o tom cômico comprometeu o potencial de um thriller sci-fi mais impactante.
Comparações e Influências
Distant carrega influências claras de outros clássicos do gênero, como Prometheus (2012), Pitch Black (2000) e Lost in Space. No entanto, enquanto essas obras conseguem equilibrar seus elementos de ação, suspense e exploração científica, Distant parece hesitar em se comprometer com um gênero específico. A comparação com Alien: Romulus (2024), mencionada por fãs, é particularmente reveladora: enquanto a protagonista de Romulus demonstra instinto de sobrevivência, Andy é frequentemente criticado por decisões ilógicas, como não conservar oxigênio ou ignorar ameaças óbvias.
Minha Conclusão Final
Distant é um filme que brilha em seus aspectos técnicos, com efeitos visuais impressionantes e um design de som que cria uma atmosfera envolvente. As atuações de Anthony Ramos e Naomi Scott são pontos positivos, trazendo humanidade a uma história que, infelizmente, é prejudicada por um roteiro inconsistente e um tom que oscila entre comédia e drama sem encontrar um equilíbrio. O filme tinha potencial para ser uma adição memorável ao gênero de ficção científica, mas sua execução deixa a desejar, resultando em uma experiência que diverte em momentos, mas não deixa uma marca duradoura.
Nota: 3/5
A nota reflete os méritos técnicos e as atuações sólidas, mas penaliza o filme pela narrativa irregular, diálogos fracos e falta de profundidade nos personagens secundários. Distant é um filme que vale a pena assistir pelos fãs de ficção científica que apreciam visuais criativos, mas não atende às expectativas de quem busca uma história coesa e emocionalmente impactante.